O valor de uma medalha - Duatlo de Almeirim 2013

Hoje, para ser diferente e porque o momento assim o merece, vou começar este texto pelo final.
Quanto vale uma medalha? Naturalmente a resposta depende, não só de quem responde, mas também da medalha em si. Esta, de que estamos a falar em particular, não tem em termos materiais muito valor. É uma medalha simples, feita num metal banal, com o logotipo de Almeirim na frente e com algumas letras gravadas atrás (esta parte bem mais valiosa para mim).



Contudo, se em termos materiais esta medalha não tem grande valor, em termos afectivos/sentimentais esta é uma medalha muito importante para mim. Esta é a primeira medalha que eu conquisto no Duatlo/Triatlo. Nela estão gravadas muitas horas de treino, alguns sacrifícios, algumas privações, enfim, muito trabalho para que, naquela hora de prova, alcançasse um lugar no pódio. E a conquista desta medalha foi ainda mais saborosa pois, como vem sendo hábito, tinha na meta à minha espera aquela a quem tantas vezes privo da minha companhia mas que, com a sua compreensão, me vai acompanhando e incentivando. Obrigado Lili! Esta medalha também é tua (e do meu mister Branco e dos meus companheiros de treino também, claro). Obrigado a todos!



Definido que está o valor desta medalha passemos então ao relato da prova.
A cidade de Almeirim recebeu na tarde do passado sábado o Campeonato Nacional de Grupos de Idade de  Duatlo. Esta prova, disputada na distância Sprint (5 kms de corrida + 20 kms de ciclismo + 2,5 kms de corrida), atribuía o título de Campeão Nacional de Duatlo ao vencedor de cada Grupo de Idade.



Uma vez que tenho no Duatlo (muito) mais possibilidades de alcançar um bom resultado do que no Triatlo decidi inscrever-me nesta prova, apesar da proximidade temporal com o Triatlo Longo de Aveiro (S. Jacinto), que havia sido a apenas 6 dias. Depois de uma semana de regeneração, aparentemente praticamente recuperado, não escondo que fui a Almeirim com o desejo de trazer uma medalha no Grupo de Idade 30-34 anos. Naturalmente esperava-me uma prova difícil, com distâncias curtas e intensidades altíssimas, mas tentaria bater-me pelo melhor resultado possível.
À partida para esta prova, com cerca de 180 atletas inscritos, a minha táctica era bastante simples. Tentar seguir com as "referências" do meu Grupo de Idade na primeira corrida e no ciclismo e depois, na segunda corrida, fazer o que fosse possível. Sabia que a partida seria rápida mas, se queria trazer uma medalha para casa, tinha que sofrer. A questão era saber quanto...
Assim que o tiro de partida foi dado fiquei logo com uma ideia da dimensão do sofrimento. Os atletas da frente partiram todos como se de uma prova de 400 metros se tratasse e a mim não me restou outra alternativa senão segui-los. O primeiro km precipitou-se e o Garmin apitou indicando que tinha demorado 3:06 minutos para o percorrer. O grupo na frente seguia todo compacto e, numa fracção de segundos em que consegui olhar para o relógio, verifiquei que a minha frequência cardíaca ia a 187 bpm. Eu sabia que ia sofrer mas assim tanto não... A primeira volta foi toda ela feita com ritmos muito altos (o km mais lento foi 3:09 minutos) e só na segunda volta é que o grupo da frente se partiu criando dois grupos. Eu acabei por ficar no segundo grupo onde seguiam algumas das minhas "referências". 


Logo no início do segmento de ciclismo, fruto da transição, acabamos por nos espaçarmos um pouco. Na minha frente, aí a uns 15/20 metros, seguia um grupo de 3 elementos. Mal me montei na bicicleta forcei o andamento para me tentar juntar a este grupo e só já muito perto do retorno do ciclismo (colocado aos 5 kms) é que consegui "colar". Aí pude finalmente apertar os sapatos e hidratar-me. Pouco depois juntava-se  a nós o Jorge Duarte (uma das minhas "referências"), excelente ciclista, que aproveitando uma secção contra o vento desferiu um ataque que não obteve resposta por parte de ninguém do grupo. Ao ver que uma das minhas "referências" poderia fugir, fui eu quem tentou seguir com o Jorge. Ainda conseguimos uma vantagem de alguns metros mas, dada a minha incapacidade (e a de um jovem atleta que entretanto apanhamos e que se juntou a nós) para contribuir com algo palpável para esta fuga, fomos apanhados no final da primeira volta pelo grupo de onde havíamos saído. Daí e até ao final do segmento (durante a segunda volta, portanto) não houve nada de mais a registar. O grupo seguiu compacto até ao final e eu mantinha as minhas aspirações de subir ao pódio.


A segunda corrida, com uma volta apenas, iria ser determinante. Estava com algum receio para ver como é que as pernas reagiriam mas não havia tempo para testes. Saí a "todo o gás" e fui passando alguns atletas. As pernas estavam a portar-se bem (dentro das possibilidades) e eu fui apertando o ritmo enquanto pude. Vi as minhas "referências" ficarem para trás e, na reta da meta, já com poucas forças não consegui ir buscar o sénior que seguia à minha frente.


Confirmei com a Lili que tinha ficado bem classificado na Geral e comecei a perceber que, dificilmente,  uma medalha me escaparia. Tinha sido um esforço enorme mas a recompensa estava prestes a chegar.
O primeiro classificado no Grupo de Idade 30-34 era precisamente o atleta que havia cruzado a meta antes de mim e eu era segundo classificado.  A satisfação era imensa, tinha conquistado a minha primeira medalha no Duatlo/Triatlo e, em breve, subiria ao pódio.


Aqui fica o resumo da prova (em números).
1.ª Corrida: 00:15:54
Ciclismo: 00:33:13
2.ª Corrida: 00:07:54 (2.º melhor parcial, apenas superado pelo vencedor da Geral)
Total: 00:57:02
Classificação: 6.º Geral, 2.º AG 30-34
Podem consultar toda a classificação aqui.

Comentários

João Correia disse…
Hugo, apetece-me deixar aqui 3 apontamentos:
1º - Uma medalha, no nosso caso, tem tão só um valor simbólico e precisamente pelas razões que referiste e muito bem. Nela, o estímulo cresce ainda mais e permite-nos acalentar mais vontade de voltar a repetir. Vale apenas isso, mas sabe muito bem. Oh se sabe!
2º - Tu és um excelente corredor!! Também muito bom ciclista e se a natação se lhe comparasse, ui! estavas no top. Mas bom bom, é isso; ter prazer no que se faz, mesmo que por opção.
3º - Parabéns!!!pá. Sinto o teu contentamento e partilho-o, se não me levares a mal.

Forte abraço e espero que até breve. :))

david caldeirao disse…
é por isso que uma "medalha" é muito mais valiosa do que o seu valor!!!
ela vale tanto quanto quem a conquistou quiser valoriza-la...
e ainda te esqueces-te de referir o lado motivacional, pois após a 1ª, (re)começa sempre um novo caminho em direção à 2ª ;)
estás de parabens, forte abraço
liliana disse…
E salta Hugo e salta Hugo!!!Olé olé!!!
Excelente prova!!
És uma maquina!!Ver-te no pódio é uma emoção!
Força aí com os treinos, ainda há muito km a percorrer...

Beijos grandes campeão
joao rita disse…
é muito mais do que isso, é o esforço, dedicação o querer a motivação.PARABENS
Bons treinos
sica disse…
Hugo 5 estrelas e estou convencido que em caminho, vai sair outro coelho da cartola.
um abraço
sica
Triatleta disse…
Hugo,

Os meus parabéns por esta agradável surpresa.

A tua evolução tem sido consistente e os resultados estão à vista.

Só falta um pouco mais de natação ;-)

Boa continuação e um abraço.