Ironman Portugal | Cascais 2021


Hugo Gomes, You Are An Ironman!

Foi no fim de semana passado que, finalmente, ouvi (e senti) esta frase.

Foi um culminar de uma preparação muito longa e desgastante, quer a nível físico, quer a nível emocional. Depois de ter feito toda a preparação o ano passado e da prova ser cancelada a 2 semanas da sua realização, este ano foi exigente a nível emocional. Por vários motivos: por treinar mais um ano afincadamente sem ter a certeza se a prova se realizaria; pelo receio que, pela época do ano em que a prova se realizou, pudéssemos apanhar a meteorologia má - o que não veio a acontecer, aliás a meteorologia esteve óptima para a modalidade - e alterarem para duatlo ou encurtar a prova; por saber que seria mais um ano de preparação com tudo que isso implica em termos de gestão familiar, profissional, etc.



A preparação, apesar destas incertezas, decorreu sem problemas de maior. Na parte final (a cerca de 3 semanas da prova) ainda apanhei um susto com um atropelamento (ligeiro) mas felizmente não foi nada de mais, apenas uns riscos em mim e na bicicleta.

Em relação à prova em si não me vou alongar demasiado.




A natação, o segmento onde estou menos à vontade, correu bem. Fiz um segmento tranquilo, sem grandes contactos e, tirando a pouca visibilidade (sol de frente) até ao retorno, o resto foi pacífico.



Depois da T1 (gigante) seguiu-se o ciclismo. O percurso tinha muito pouco de rolling (como indicava o site oficial da prova). O Garmin indica (talvez excessivamente) 2.218m D+ para os 180km. A parte inicial de ambas as voltas, em especial da primeira, era um percurso de serra onde as subidas se sucediam e as descidas eram técnicas de mais para se conseguir imprimir ritmos bons (que o digam os atletas que caíram nesta secção). Apenas na marginal era possível desenvolver ritmos mais interessantes. Procurei manter-me nos ritmos trabalhados mas, principalmente na segunda volta, tive que aliviar um pouco já a pensar na maratona que se seguia.



No último segmento, a maratona, comecei a correr bastante solto e ia a correr bem abaixo dos 5'00''/km no ritmo cardíaco pretendido (Z2). A partir sensivelmente dos 20 kms a parte muscular começou a dar sinal e o objectivo passou a ser levar o corpo até à meta a correr. Tirando os breves segundos em que caminhava nos abastecimentos (já tentei beber isotónico em copos a correr e não foi uma experiência boa), consegui correr todo o resto embora com ritmos mais baixos do que inicialmente pensado.



O tempo final foi superior ao planeado, o que me deixou (confesso) um pouco desiludido. Fico, no entanto, com a consciência que fiz o possível.



A organização da prova esteve, globalmente, bem (como é natural e expectável).

Contudo, numa prova cujo valor de inscrição supera os 500€, há alguns pontos que eu gostaria de referir:

+ O ambiente fantástico que se vive nestas provas. Vieram atletas de 70 países!

+ Os abastecimentos no segmento de corrida (muitos abastecimentos e com muita coisa).

- A touca fornecida pela organização era de má qualidade e a mochila de design e material, no mínimo, questionável (com valores de inscrição destes não consigo aceitar isto).

- A escolha do percurso de ciclismo.

- Abastecimentos no ciclismo (uma prova desta envergadura não dá água e isótonico em bidons?!; na segunda volta num abastecimento na marginal, apanhei-o quase vazio e com alguns voluntários já sentados e eu não era dos últimos...).

- A recuperação, após cruzar a meta, era má, quer pelo espaço reduzido quer pela alimentação fornecida (mais uma vez, com valores de inscrição destes não consigo aceitar isto).


Duas notas finais.

A primeira para o Garmin 735XT que venho usando há já algum tempo. A marca anuncia uma vida útil da bateria até 14 horas em modo GPS. Antes da prova desliguei todos os sensores desnecessários (fiquei apenas com o sensor de FC e o potenciómetro), retirei todos os avisos e deixei o relógio o mais simples possível de forma a maximizar a duração da bateria. Ainda assim, deixei na T2 o meu "velhinho" Fenix 3 "just in case". E ainda bem que o fiz porque na T2 o 735XT avisou-me de "bateria fraca" e foi com o Fenix que eu fiz a maratona. Resumindo, o 735XT não foi feito para Ironmans, pelo menos não para Ironmans com desempenhos como o meu.



A segunda nota, e última, é o meu agradecimento para todos os que partilharam comigo esta longa caminhada.

- ao meu treinador Pedro Quintela, pela dedicação e paciência. Obrigado Coach!

- ao meu clube - Clube de Triatlo de Viseu. Aos seus patrocinadores - Forlife, Fisioprime, IROV, Quinta da Magarenha - pelas condições de treino que nos possibilitam e aos seus atletas, pela partilha. Um agradecimento especial ao Pedro Nuno Martins, companheiro desde a primeira hora nesta aventura, que partilhou muitas horas de treino comigo, muitas dúvidas, muitas conquistas mas também algumas desilusões e que também concluiu o seu Ironman. Obrigado e Parabéns Champ!

- à minha família, que ficou privada de mim tantas horas e que foi tão sobrecarregada ao longo desta preparação, nomeadamente ao meu filho Dinis e à minha esposa Lili. Obrigado! Esta conquista também é vossa!



Comentários

liliana disse…
É verdade!!You are a Ironman!! Quero felicitar-te pela tua garra, força de vontade e pela tua conquista. Dizer-te que o caminho faz-se caminhando e que tu todos os dias fazes o teu, com muito afinco e rigor! Palavras para quê?? Estou muito orgulhosa de ti! Certamente que o Dinis também, embora pequeno, também já vibra ao ver-te passar. Papá...papá... quem sabe um dia seguirá os teus passos... És um herói. O nosso herói!! Parabéns meu amor!!